Conheça mais sobre Madame Ladoux

A partir de hoje você entrará no universo da Madame Ladoux. Serão 12 capítulos de uma InstaOpera, na qual você poderá acompanhar a trajetória dessa obstinada e realizadora mulher. -
Ravie de vous rencontrer. Je suis Madame Ladoux.
-
< Seja forte, Marie... Seja forte, minha pequena! > sussurrou a senhora Ladoux para a neta recém nascida do complicado parto na aldeia de Bénouville.
-
Sobre os penhascos da Normandia, fora constatado um grave problema respiratório de nome impronunciável. < Não viverá mais do que um dia, cette pauvrette...> lamentava a parteira em seu dialeto camponês.
-
Porém, olhando a frágil criança desamparada, a senhora Ladoux jamais desacreditou. Parecia ter uma certeza tão firme, a qual só mesmo as avós são capazes de desempenhar.
-
E assim, feito encantamento, < Seja forte, ma petite… > no balbuciar dessas palavras junto ao seu rostinho miúdo, Marie abriu os grandes olhos cristalinos e deu um longo suspiro para a vida, já anunciando toda a bravura que contará a sua história.
Apesar do pulmão fraco, La Petite Marie era uma criança ligeira; Dizem que essa força teria vindo da mãe, que lhe passara toda a sua vitalidade num último suspiro.
-
A menina tinha tanta inquietude que, quanto mais lhe faltava o ar, mais queria correr pelas colinas.
-
Quando Marie tentava respirar e não conseguia, tinha uma estratégia infalível: corria até uma macieira atrás da casa e se escondia nas folhagens; fechava os olhinhos azuis e, ao começar a ficar tonta, sonhava com toda sorte de doces: Macarons coloridos, Canelés mais macios que as nuvens, e o Choux à la crème, o seu preferido.
-
A patisserie francesa inteira lhe rodeava o pensamento, até que, igualzinho ao dia em que nasceu, ela suspirava grande outra vez e arregalava os olhos cobiçosos.
-
Assim, toda vez que o ar não vinha, Marie fechava os olhos e crescia. Sonhava em ser uma grande pâtissière tal qual a avó, e como lhe contam, também fora sua mãe.
-
Era o ano de 1940. A bordo de um navio, a pequena camponesa perdia o olhar pelo oceano de incertezas, e apesar da mocidade, sabia já um aperto no peito.
-
Para trás ficavam os ventos da Normandia, a sombra das macieiras, o pavor da guerra, e tantos sonhos misturados.
-
Chegando ao porto de Santos com sua avó, a menina não entendia muito o que estaria por vir, mas não lhe saía da cabeça a imagem de uma grande doceria e croissanteria, os aromas correndo porta a fora pela rua, e muitas pessoas chegando.
-
<Essa era a vontade de sua mãe, Marie ... Você é igualzinha a ela!> lamentava a Senhora Ladoux, <C'est rien... vamos começar uma outra vida agora>, muito embora o português lhe parecesse mais um engraçado batuque de tambor do que necessariamente uma língua.
-
<Se eu soubesse que você seria tão teimosa quanto sua mãe, não teria lhe dado o mesmo nome, Marie-Louise!> Bradava sua avó enquanto a menina lhe ajudava na colheita do café e implorava para que fizesse nem que fosse um só Choux à la crème ao chegar em casa.
-
Além disso, quanto mais crescia, mais queria saber sobre a mãe, <A mulher mais forte de toda Bénouville!>.
-
A história que Marie mais gostava era a de que, <quando ela tinha a sua idade, me implorava desse mesmo jeito para fazer doces e croissants ... se debruçava sobre o balcão e anotava um monte de coisas num caderno de capa de veludo enquanto eu cozinhava ...>
-
Mas não adiantava perguntar, a resposta seria sempre a mesma, <Não sei, ma petite... Sua mãe era a única mulher a saber ler e escrever naquela aldeia, para que eu ia querer esse livro? Eu fazia tudo de cabeça. Marie-Louise que vinha com essas ideias malucas, igual a você!>
-
Aos quinze anos, pode-se dizer que, o que se esperava de uma moça dessa idade era ajudar a avó na cozinha, frequentar a escola e encontrar um marido.
-
Bem, mas Marie era diferente. Ela tanto fazia as ditas tarefas de meninas quanto as de meninos. E mais: Não gostava nem um pouco da ideia de <Arrumar um bom casamento, minha filha!>. Faltava-lhe logo o ar.
-
Certa vez, um homem cinco vezes o seu tamanho lhe cortejou por sua beleza e disse,<Vá chamar seu pai, tenho uma proposta irrecusável> Ela, prontamente, empurrou um saco de tomates em cima do troglodita e saiu correndo pela feira, até encontrar uma árvore.
-
Como sempre fazia nessas horas, pensou em doces, deu um longo suspiro, agigantou os olhos e cresceu.
-
A pequena Ladoux ia se tornando uma Madame. Igual a sua mãe.
-
<Cuidado com o seu coração, madame…>, falou o dono da padaria, após Marie falar duro outra vez com alguém. Nesse momento ela parou e notou neste rapaz promitente atrás do balcão, cujas feições sempre tinham lhe passado despercebidas.
-
Mas agora não. E veio junto foi a falta de ar, ficou zonza, se atrapalhou com os pacotes, derrubou as laranjas, e quando já começava a surgir em sua mente uma chuva de caramelos, retomou a postura, encarou o moço e disse, <Não tenho tempo para essas coisas!!>. Ele não entendeu nada, mas achou charmoso o jeito atrapalhado da menina que ele já observava há um tempo.
-
Marie, então, correu até o sítio onde morava, e já quase para desmaiar, viu ainda mais doces como nunca antes em suas crises: doces em cores inventadas, formatos do impossível, pareciam uma constelação que a envolvia e faziam-na flutuar pelos ares, vendo toda a cidade do alto.
-
Quando enfim acordou, estava debruçada na janela de casa, olhos sonhadores e um suspiro tão largo que acordara sua já bem fraca avó. Então ela se aproximou vagarosamente, e disse como num presságio, <Já vi novela igual em Bénouville… Não perca tempo, Marie, aceite o moço!>
-
Mal sabiam as duas o que o futuro ainda lhes guardava.
-
Certo, aqui vamos antecipar um pouco nossa história, pois vocês devem imaginar os tantos tropeços e rudezas que foram os cortejos entre o dono da padaria e La petite Marie-Não-tenho-tempo-para-essas-coisas-Ladoux. Ademais, paixonites são quase sempre tão doces ou mais do que os caramelos da agora madame.
-
Sim, também era desta forma que ficara conhecida sua mãe lá na Normandia, muito por conta do seu gosto pela Belle Époque, e a forma como se vestia. <…lá vai a Madame Ladoux>, sempre altiva e sonhando com Paris. Marie gostava do novo apelido.
-
O apelido veio ao aceitar o noivado, quase como em respeito ao último desejo de sua avó no leito de despedida: <Marie, aceite o seu destino. O moço é uma pessoa muito influente na nossa sociedade. Sozinha você não poderá com este mundo de homens! Seja forte, mon petite…>.
-
E assim se deu. Mas como vocês sabem, a menina - digo, madame -, pouco se importava com títulos. Seu interesse era na cozinha da padaria e em servir tantos ou mais doces quanto podia sonhar. <Ter a sua própria doceira?!>, o grande sonho de sua mãe.
-
Uma grande doceria vibrante, os aromas correndo porta a fora pela rua, e muitas pessoas chegando. <Ufa!!> Marie levantara de súbito, fora um sonho. Mais um, a mesma imagem. Então, se engasgando nas palavras, disse quase sem ar, <O livro, precisamos encontrar o livro de minha mãe!!>.
-
O noivo não lhe deu muita importância, pois já estava acostumado com tantos momentos fantasiosos da moça atrapalhada. <Vamos dormir, amanhã cedo tenho uma viagem de negócios em Salvador.>
-
Marie suspirou melancólica, e adormeceu entristecida. Só conseguia pensar em encontrar o misterioso livro de receitas, onde sua mãe, Madame Ladoux, teria anotado as mais perfeitas receitas e inimitáveis de sua já saudosa avó.
-
Onde estaria esse bendito livro?
-
Toda a família de Marie havia se perdido com a partida da avó. Lhe restavam o noivo, homem bem sucedido das padarias e confeitarias, e as lembranças de uma longínqua aldeia de Bénouville.
-
Além de, claro - o chapéu de plumas, uma sombrinha e alguns vestidos da Belle Époque vivida pela Senhora Ladoux. Onde quer que fosse, Marie vestia-se assim. Empoderava-se.
-
Porém, começava a lhe surgir uma lacuna no coração. Os dias se passando, o Choux a la creme que nem de perto se assemelhava aos de sua infância, os mimos do noivo ficando cada vez mais românticos e com planos tão... tão... tradicionais seria a palavra, se ela conseguisse pronunciá-la até o fim. Mas aí vinha aquilo que vocês já conhecem: Resfolega e corre, e roda, e canelés, nuvens, caramelos, soluça e ... Quando veio aquele suspiro largo, Marie teve uma ideia que mudaria todo o seu destino. Mais uma vez, eu diria.
-
A menina soltava o ar e crescia. Queria voar em largas asas, para bem longe dos telhados e títulos de uma sociedade que nada lhe diziam. Iria buscar quem verdadeiramente ela era, e já sabia onde.
-
<Madame, vamos nos casar! Tenho uma viagem de negócios em Paris, você ficará com minha mãe em Salvador, e quando eu voltar…> Le petite Marie já havia desmaiado. Não necessariamente de felicidade.
-
Essa seria a solução para um ciúme cada vez mais incontrolável por Marie, <andando de chiste com aquele atorzinho de quinta para cima e para baixo>, trinta minutos de falatório depois, <Mulher minha não tem esse tipo de desavergonhamento!>.
-
E foi nessa levada de cancan que Marie decidiu romper o noivado. <Seria ótimo irmos juntos até meu vilarejo natal. Estou certa de que encontraremos o misterioso livro de receitas>. <Que livro, Madame!?? Isso é mais uma de suas fantasionices! Você fica! Minha mãe estará de olho em você!>
-
Não teve jeito. Magoado e com o orgulho ferido, O senhor-mulher-minha-não-tem-voz decidiu vingar-se da maneira mais cruel possível. Demitiu Marie, e plantou provas de que ela e o amigo ator o estavam roubando. Ela foi escorraçada, humilhada para toda a rua. <Adúltera!! Ladra!!>
-
Choveu por três meses ininterruptos em toda a cidade. Como? Dizem que Marie desabou tanto em prantos que suas lágrimas inundaram toda a casa; depois a rua, o bairro, e quando por fim o choro evaporou, formaram-se densas nuvens coloridas no céu, feito Canelés.
-
Aí que se iniciou algo que ninguém jamais veria acontecer novamente: Uma chuva de caramelos e macarons de tantas cores e tão doces, caindo das alturas sem que ninguém pudesse compreender mais nada.
-
{Agora você há de dizer que isso é uma alegoria, que trata-se apenas de um devaneio típico de novela... mas, opa! O que foi aquilo lá fora? Vocês viram? Pois é, há sempre muito mais do que conseguimos enxergar.}
-
A chuva foi tão forte que fez com que os doces do Senhor-Dono-da-padaria perdessem completamente a importância, pois do céu caiam caramelos muito mais saborosos. Todas as suas lojas faliram.
-
Após seis meses de buscas, os sonhos de Marie pareciam ruir. Até que, trabalhando nos fundos de uma doceria em Paris, seu inseparável chapéu e o que restava de crença lhe levariam ao improvável... <Mon Dieu! Menina, você me lembra uma madame que conheci anos atrás…> entrou silente pela loja, um vagaroso senhor, dispondo sobre o balcão um livro cuidadosamente coberto por um tecido.
-
<Nos conhecemos em uma noite memorável, ela usava um chapéu igualzinho ao seu... não era de falar, mas seus olhos azuis expressavam tanto... Sempre carregava esse livro sem deixar ninguém ler; dizia ser um caderno de sonhos…> Tanto mais Marie perdia o ar, ele seguia, do mesmo jeito que chegou a Paris, um dia ela se foi de repente, dizendo, <Não tenho tempo para essas coisas... Me deixou para trás e não tive mais notícias suas…>.
-
<Certa vez, um amigo caminhando pelo porto encontrou esse caderno perdido e me entregou. Guardei por todos esses anos, mas nunca entendi por que tanto segredo... Não tem nada escrito... Fique com ele, talvez lhe seja mais útil... Você se parece muito com ela!>
-
Marie abriu a capa de veludo, e leu na página amarelada: <Os sonhos mais doces são aqueles que nos tiram o fôlego. Neles, todas as receitas são possíveis>. Depois, mais nada além das desgastadas páginas vazias.
-
A Madame Ladoux Doceria e Croissanteria espera tornar seus momentos ainda mais especiais e
deliciosos.

Faltam poucos dias para a inauguração no Shopping Bela Vista.

De hoje em diante
será sempre
primavera em Paris

Olhos sentindo sabores
boca nouvelle janela
aroma revelando formas

Eles a idealizando
Ela perseguindo o ideal
Rubra flor que anela
fantasias de Baudelaire

Passion passada
Doce e suave
Embebecida,
vestiu alvorada
Visite o pedacinho
da França em Salvador.
logoname
Unidade Shop. Bela Vista
Unidade Shop. Bela Vista
Unidade Salvador Shopping
Unidade Salvador Shopping

Shopping Bela Vista | Piso L2
Alameda Euvaldo Luz, 92 – Horto Bela Vista
Salvador – BA | 41098-020
Tel. 71.3450-5440

Salvador Shopping | Piso L3
Av. Tancredo Neves, 3133 |  Caminho das Árvores
Salvador – BA | 41820-910
Tel. 71.3341-0771